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Momento de incertezas gera insegurança nos investimentos

Planejadores financeiros dão orientações sobre o que fazer com os investimentos no contexto de queda da Bolsa e de juros baixos

Nas últimas semanas, os investidores vêm observando uma constante queda de seus investimentos, onde o único rendimento tem sido a dor de cabeça. Ver o patrimônio caindo dia após dia nesse cenário mundial de incertezas, com paralisações por conta do coronavírus (Covid-19), queda na Bolsa de Valores, taxa de juros Selic muito baixa e a alta do dólar, tem gerado muita insegurança sobre o que fazer: realoco meus investimentos? Resgato e assumo minhas perdas? Não mexo em nada e deixo a crise passar? É oportunidade de entrar na Bolsa? O que fazer? “É impossível precificar o impacto das incertezas do que está acontecendo, pois, o impacto gerado é econômico e social, o mesmo vale para os investimentos”, afirma Luiz Correia Martins Pereira, planejador financeiro CFP® da Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.

Inicialmente, é preciso pensar que cada caso é individual, assim como o perfil de cada investidor, sua tolerância a risco e a perdas. A partir disso, as atitudes com relação aos investimentos podem começar a serem direcionadas. “Medir o perfil do investidor é muito além da tolerância a risco nesse cenário de incertezas; é fundamental que o investidor entenda sua tolerância a perdas para saber o quanto elas vão impactar na vida financeira”, diz.

A Bolsa de Valores, por exemplo, é a responsável pelas principais dúvidas dos investidores, enquanto alguns veem sua queda como oportunidade de entrada, outros acham que não se deve mexer em nada, e ainda há quem acredite que resgatar pode salvar o pouco que restou para que não tenham ainda mais prejuízos. “Quem quiser entrar na Bolsa agora precisa saber o risco que está correndo, ter subsidio de informações sobre as empresas que parecem ser boas oportunidades, pois você se tornará sócio delas ao investir, e com essas incertezas, muitas empresas podem ter muitos problemas e até quebrar e o risco é aumentou muito no cenário atual”, ressalta.

Para quem tem objetivos de longo prazo, a recomendação é não mexer nos investimentos agora. “São muitos acontecimentos e movimentos que podem acontecer e alterar tudo novamente”, indica Luiz. O planejador financeiro CFP®, Carlos Castro, reforça essa ideia: “Se você não precisa do seu dinheiro imediatamente, não faça nada com seus investimentos; quando você vê valores negativos, se fizer o resgate você estará assumindo as perdas; alguma hora tudo tende a se normalizar e é possível que você recupere o rendimento perdido”. Carlos ainda reitera que a renda variável deve ser de médio a longo prazo, e se precisar mexer, apenas movimente investimentos que tiverem menos variação.

Para José Raymundo de Faria Júnior, também planejador financeiro CFP® pela Planejar, uma carteira diversificada é fundamental para que o investidor maximize o retorno na alta e reduza as perdas nas quedas, ajudando a minimizar perdas. “Não se deve buscar o maior retorno possível quando o mercado sobe, deve-se buscar retorno de acordo com o perfil de risco e de ciclo de vida, e ter em mente que é normal acontecer quedas nas bolsas todos os anos, mas, claro, não na magnitude da queda nesse momento. Para diversificação, você precisa já ter um portfólio que faça sentido com seu perfil, prazo e objetivo; fundos multimercados, investimentos no exterior (dólar, ouro e bolsas), fundos de ações ativos e passivos, ETF, Fundo de Investimento Imobiliário, Tesouro Direto e fundos de Previdência Privada são alternativas interessantes para compor uma carteira bem diversificada. É importante ressaltar que é possível investir em todas essas classes de ativos sem enviar dinheiro para fora e sem necessitar de aporte muito significativo, permitindo o acesso ao pequeno investidor”, conta.

Um enigma nesses questionamentos para os investidores também é se eles devem ou não voltar para a renda fixa. Segundo Gisele Colombo de Andrade, planejadora financeira CFP®, é indicado realocar investimentos para a renda fixa apenas em casos extremos. “Se você não tem reserva de emergência, se perdeu o seu emprego por conta da paralisação ou por qualquer outra razão, aí sim são situações que vale essa mudança”, afirma. Carlos Castro indica que, caso o investidor tenha alocado recursos na renda variável acima do que poderia, a movimentação para a renda fixa deve acontecer mesmo com juros baixos para formação de reserva de emergência, caso o investidor ainda não a tenha, porém, a mudança deve ser feita aos poucos e com muita atenção.

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