DIA MUNDIAL DA VISÃO: Catarata e erros refrativos lideram as causas de perda visual e baixa visão no Brasil
Nesta quinta-feira (09/10), é celebrado o Dia Mundial da Visão, lembrado anualmente na segunda quinta-feira de outubro. O objetivo é chamar atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças oculares, responsáveis por comprometer a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Entre as principais causas de comprometimento visual no mundo estão a catarata e os erros refrativos, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. De acordo com o relatório” As Condições de Saúde Ocular no Brasil (2023)”, publicado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a catarata permanece como a principal causa de cegueira, enquanto os erros refrativos não corrigidos são a principal causa de baixa visão. Juntas, essas condições reversíveis afetaram mais de 109 milhões de pessoas nos últimos 30 anos.
No Brasil, o cenário tende a se agravar com o envelhecimento populacional, já que o avanço da idade está diretamente relacionado ao aumento da incidência de catarata e presbiopia.
Catarata: quando a lente natural do olho perde a transparência
“A catarata é uma condição ocular em que o cristalino, a lente natural do olho, se torna opaco, resultando em uma diminuição progressiva da visão. Quando ocorre a catarata, essa opacidade interfere na passagem da luz, tornando a visão embaçada, borrada ou obscurecida”, explica o oftalmologista Paulo Saunders, especialista em doenças da retina e cirurgia de catarata e a laser, e sócio-diretor do Hospital de Olhos Oftalmax. Embora mais comum após os 55 anos, o problema também pode acometer pessoas mais jovens. “Traumas oculares, uso prolongado de corticoides, obesidade, diabetes, tabagismo e exposição excessiva ao sol são fatores que podem antecipar o surgimento da catarata”, detalha o especialista.
O tratamento é exclusivamente cirúrgico e, segundo Paulo Saunders, o avanço das técnicas tornou o procedimento mais rápido e eficaz. “A cirurgia é indolor, realizada com anestesia tópica, apenas com colírios anestésicos. O paciente retorna para casa no mesmo dia, com excelente recuperação”, pontua o médico.
Presbiopia: a vista cansada
Entre os erros refrativos mais frequentes, a presbiopia, popularmente chamada de vista cansada, é quase uma certeza após os 40 anos. Os primeiros sinais são conhecidos: afastar o texto para ler, sentir os braços “encurtarem” e experimentar cansaço visual durante as tarefas de perto.“O problema é uma consequência natural do envelhecimento dos olhos e causa dificuldade para focar em objetos próximos. Embora óculos e lentes de contato corrijam temporariamente, há soluções como a cirurgia refrativa que permite ao paciente recuperar a liberdade visual e a qualidade de vida”, explica o oftalmologista.
Miopia: o desafio da geração das telas
A miopia avança em ritmo alarmante: estima-se que metade da população mundial será míope até 2050, segundo a OMS. O aumento está diretamente ligado ao uso excessivo de telas e ao tempo reduzido de exposição solar, especialmente entre as crianças.“Além da influência genética, fatores ambientais desempenham papel decisivo. A luz natural ajuda a proteger os olhos, enquanto o uso prolongado de telas exige foco constante de perto, o que favorece o alongamento do globo ocular e o desenvolvimento da miopia. É essencial equilibrar o tempo em ambientes internos com atividades ao ar livre, aproveitando a luz natural como aliada da visão”, orienta o especialista.
Cuidados com a visão e a prevenção de quedas
O médico Paulo Saunders alerta ainda para um aspecto frequentemente negligenciado: a relação entre a saúde ocular e o risco de quedas em idosos.“A baixa visão compromete a percepção de profundidade, contraste e movimento, aumentando significativamente o risco de quedas. Em grande parte dos casos, essas deficiências visuais são preveníveis e tratáveis. Investir na saúde ocular é também investir na autonomia e na segurança dos idosos”, reforça o oftalmologista.
Paulo Saunders é médico oftalmologista, especialista em doenças da retina, cirurgia de catarata e a laser e é sócio-diretor do Hospital de Olhos Oftalmax.