A luta do Brasil contra o câncer de colo de útero
A prevenção do câncer de colo de útero é fundamental para reduzir a incidência dessa doença, que está entre as principais causas de morte entre mulheres no Brasil. Medidas preventivas são essenciais na luta para eliminar o problema como uma questão de saúde pública. Apesar dos avanços alcançados, ainda existem barreiras a serem superadas para garantir que essas estratégias beneficiem toda a população.
Um marco essencial foi a introdução da vacina contra o Papilomavírus Humano no calendário vacinal do SUS em 2014. Essa iniciativa previne infecções pelos tipos de HPV mais associados ao câncer cervical, sendo inicialmente direcionada para meninas de 11 a 14 anos e depois expandida para outros grupos.
Apesar disso, a baixa cobertura vacinal em algumas regiões é um desafio persistente. A desinformação sobre a imunização, somada a barreiras culturais, ainda impede sua ampla aceitação. Além disso, dificuldades logísticas em áreas remotas comprometem o acesso das populações mais vulneráveis.
Outra ferramenta crucial no combate à doença é o exame de Papanicolau, oferecido gratuitamente pelo SUS, que permite o diagnóstico precoce de alterações no colo do útero. O aumento na cobertura desse preventivo ao longo dos anos reflete avanços significativos, mas a adesão ainda é limitada. Muitos fatores contribuem para isso, incluindo o medo do exame, o estigma relacionado ao diagnóstico e a falta de conscientização sobre sua importância. Campanhas educativas, treinamento de profissionais de saúde e a ampliação do acesso são essenciais para aumentar a regularidade do rastreamento.
O estigma relacionado à saúde sexual, a desinformação e as desigualdades socioeconômicas limitam o acesso das mulheres aos serviços de saúde. As barreiras culturais e sociais também dificultam o avanço na prevenção. Superar esses desafios exige políticas públicas que garantam equidade e acolhimento nos atendimentos, além de estratégias para combater preconceitos e ampliar o alcance das informações sobre saúde preventiva.
Com a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de erradicar o câncer de colo de útero até 2030, o Brasil precisa continuar fortalecendo a integração entre prevenção, diagnóstico e tratamento, pilares fundamentais nessa luta. Para avançar, é imprescindível priorizar ações voltadas às populações mais vulneráveis, monitorar as políticas de saúde e investir em campanhas que conscientizem as pessoas sobre a importância da vacinação e do acompanhamento médico regular.
Embora o caminho seja desafiador, os esforços conjuntos entre governo, sociedade civil e setor privado podem fazer do Brasil um exemplo global na luta contra o câncer de colo de útero. A informação e a ação estratégica são as melhores armas para transformar essa realidade e salvar vidas.
Luana Falcão, oncologista da Oncoclínicas Recife
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