Advogado critica decisão judicial em artigo sobre disparos no fórum de São José do Belmonte
O advogado belmontense Romero Leite de Araújo expressou sua visão crítica sobre a aplicação da Justiça em artigo sobre os recentes disparos no Fórum de São José do Belmonte, Pernambuco. A tentativa de vingança, perpetrada por Cristiano contra o assassino de seu pai durante o julgamento, gerou questionamentos sobre a imparcialidade e os critérios usados pela Justiça em decisões como essa.
Em seu artigo, publicado no site Geo Belmonte, Romero argumenta que há uma desproporcionalidade na forma como a Justiça trata casos com circunstâncias semelhantes, mencionando o fato de que o autor do homicídio consumado que vitimou o pai de Cristiano teve sua prisão preventiva revogada, podendo responder em liberdade. Em contrapartida, Cristiano permanece preso, negado o mesmo direito de liberdade provisória. Segundo o advogado, essa situação revela uma suposta “falsa justificativa de periculosidade” em relação a Cristiano, enquanto o assassino do pai não teria recebido a mesma qualificação.
“Ao revogar a prisão preventiva do assassino de Francisco, meu cliente, a Justiça parecia ignorar a gravidade dos antecedentes do réu, que já havia tentado fugir da cena do crime,” escreve Romero, chamando atenção para o contraste entre o tratamento concedido ao homicida e ao seu cliente. “Cristiano nasceu no sertão pernambucano e cresceu sob as dificuldades impostas pela vida no campo, sempre marginalizado pela falta de recursos e oportunidades. Sua dor e revolta, fruto da perda trágica do pai, não encontraram amparo no sistema judicial.”
Romero evoca ainda uma memória de infância, recordando uma frase dita por seu avô: “Na justiça dos homens, existem dois pesos e duas medidas.” Ele sugere que a aplicação da lei parece depender não apenas do ato em si, mas também do local onde ele ocorre. “Se a tentativa de vingança de Cristiano tivesse ocorrido em outro ambiente, como o roçado onde seu pai foi morto, talvez o resultado judicial fosse diferente,” ele afirma, insinuando que a Justiça reage com mais rigor quando seus próprios domínios são palco de um delito.
O advogado não defende, contudo, os atos de vingança, remetendo-se à Bíblia ao dizer: “busque a paz e siga-a”. No entanto, ele expressa espanto diante do tratamento desigual que seus clientes e seus familiares vêm enfrentando e questiona: “Será que a vida de um homem no campo vale menos que a ordem pública em um fórum de Justiça?”
Romero encerra seu artigo convidando os leitores à reflexão, apontando para a aparente subjetividade com que a Justiça interpreta os casos dependendo do contexto social e da localização. “Se a Justiça aplicasse os mesmos critérios de rigor em todos os contextos, talvez Cristiano pudesse, assim como o assassino de seu pai, aguardar seu julgamento em liberdade,” conclui.
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