Lula reage a ameaça de Trump: “chantagem inaceitável”
Presidente brasileiro critica possível tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos nacionais. Impasse envolve julgamento de Bolsonaro e pressões políticas internacionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “chantagem inaceitável” a proposta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros caso o Supremo Tribunal Federal mantenha medidas judiciais contra Jair Bolsonaro.
A declaração de Trump, feita durante um comício na Flórida, reacendeu tensões comerciais entre os dois países e gerou reação imediata em Brasília. “O Brasil não aceitará interferência externa em suas instituições”, disse Lula durante coletiva no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (29).
Segundo fontes diplomáticas, o Itamaraty já iniciou conversas com embaixadores norte-americanos para tentar amenizar a tensão. Em paralelo, lideranças do Congresso brasileiro criticaram duramente a postura do ex-presidente americano, alegando afronta à soberania nacional.
Contexto da crise
A crise teve início após o Supremo Tribunal Federal proibir Bolsonaro de utilizar redes sociais, alegando riscos à integridade das investigações sobre supostas tentativas de golpe. Em resposta, Trump teria condicionado um novo acordo comercial à suspensão de “perseguições políticas” ao seu aliado.
A retórica do norte-americano foi vista por parte da opinião pública brasileira como ingerência direta sobre decisões do Judiciário nacional — o que causou forte repercussão nas redes sociais, com as hashtags #SoberaniaJá e #TrumpForaDoBrasil entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter).
Impactos econômicos em debate
A ameaça de tarifação preocupa setores da indústria e do agronegócio brasileiro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu nota alertando que eventuais sanções comerciais poderiam afetar diretamente as exportações de carne, aço, e soja, impactando o PIB de estados como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Por outro lado, analistas ponderam que uma medida tarifária unilateral seria difícil de implementar em meio ao atual cenário internacional e poderia prejudicar também a economia americana.
Eleições dos dois lados
O embate ocorre num momento estratégico: tanto Trump quanto Lula estão em contextos pré-eleitorais. O ex-presidente dos EUA é o favorito nas primárias republicanas, enquanto Lula tenta fortalecer alianças internas visando manter governabilidade até 2026.
Para cientistas políticos, a troca de acusações faz parte do xadrez eleitoral internacional. “Ambos usam o discurso externo para dialogar com suas bases. O risco é que isso ultrapasse o campo retórico e afete setores produtivos”, afirma o professor Leandro Araújo, da UFRJ.
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