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Para manter o crescimento da indústria de alimentos, investimento em novas fontes de energia, tecnologia e práticas ESG são fatores cruciais

Com a marca de 64,7 milhões de toneladas de alimentos industrializados exportados em 2023, o Brasil se consolidou como o maior exportador mundial do segmento em volume, superando até os Estados Unidos – segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). Esse resultado contribuiu para a balança comercial nacional, gerou receitas, fortaleceu a posição do país no mercado global de alimentos e impulsionou a competitividade desempenhando um papel crucial na criação de empregos e no desenvolvimento do agronegócio brasileiro. São mais de 38 mil empresas atuando neste ramo, que possibilitam cerca de 2 milhões de postos de trabalhos diretos, além de 10 milhões indiretos.

O setor vem batendo recordes;e, ao contrário do decréscimo registrado na participação geral da Indústria de transformação na economia nos últimos anos, que encolheu – 1,2% de janeiro a setembro do ano passado, o setor de alimentos atingiu um crescimento de 3,9%. Esse resultado expressivo promete gerar impacto positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, especialmente levando em conta as principais commodities exportadas: proteína animal, açúcar, óleo de soja, suco de laranja, produtos derivados de leite, cafés e biscoitos de trigo.

Para manter o ritmo, é importante considerar questões relacionadas à sustentabilidade, padrões de produção éticos e impactos ambientais que garantam uma abordagem equilibrada e responsável nesse processo. O tema foi destaque, inclusive, durante a 28ª Conferência do Clima da ONU (COP 28), realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no final de 2023. Em relatório conjunto, ficou definida a redução gradual do uso de combustíveis fósseis, a fim de diminuir a emissão de gases de efeito estufa e promover a sustentabilidade.

A 27ª CEO Survey 2023, pesquisa da PwC realizada com mais de 4,7 mil líderes em todo o mundo, incluindo o Brasil, sobre as perspectivas para o crescimento da economia, ameaças, prioridades estratégicas e investimentos, mostra que a disrupção tecnológica e as mudanças climáticas em aceleração continuam a forçar os CEOs a se adaptarem rapidamente.“Cerca de 89% dos executivos brasileiros do setor do agronegócio têm esforços em andamento ou já concluídos para melhorar a eficiência energética e inovar em produtos e serviços com baixo impacto climático”, afirma o sócio da PwC Brasil, Maurício Moraes, que é líder do setor de agrobusiness da firma.

De acordo com a pesquisa, 57% dos CEOs do agronegócio no país estão implementando iniciativas para aperfeiçoar ou requalificar a força de trabalho como preparação para mudanças nos modelos de negócios relacionadas ao clima. “A adoção de práticas ESG é um dos caminhos para quem quer se diferenciar nesse mercado competitivo e criar bases sólidas de crescimento”, alerta.

A disrupção tecnológica, por sua vez, é uma megatendência com implicações sistêmicas e existenciais para as empresas do agronegócio. “No estudo da PwC, examinamos especificamente a IAgenerativa, capaz de mudar completamente a operação das empresas. Os líderes do setor se mostram, em geral, mais preocupados do que a média brasileira com os riscos relacionados à tecnologia. O principal temor é com a cibersegurança, mencionada por 80% deles. A divulgação de desinformação vem em segundo lugar, no mesmo patamar que a média no país”, destaca Moraes.

A adoção dessa tecnologia no agronegócio e a urgente adaptação da estratégia para lidar com a inovação que ela representa não é uma realidade nova. Em outubro de 2023, a PwC divulgou o Índice Transformação Digital Brasil (ITDBr), que mediu o progresso da transformação digital nas organizações, e demonstrou a maturidade ainda baixa para a área nas empresas do agronegócio do país – na avaliação, elas alcançaram média 3, metade da escala, que vai de 1 a 6. Na busca por atender essas prioridades, é importante rever o planejamento estratégico, com decisões orientadas por dados e processos digitais que aumentem a eficiência operacional e as possibilidades de atuação – uma jornada que deve ser contínua.

A recém-publicada CEO Survey mostra que os entrevistados do setor do agronegócio brasileiro entendem o ambiente regulatório (66%), a instabilidade na cadeia de abastecimento (63%) e a falta de competências na força de trabalho (60%) como os principais inibidores para a reinvenção dos negócios. CEOs e suas equipes de liderança precisam ter uma clara compreensão de como negócios, projetos ou outros investimentos na indústria de alimentos criam valor – e estar dispostos a tomar decisões difíceis, seja realocando recursos de negócios legados ou redefinindo os limites setoriais da empresa e os parceiros do ecossistema.

Aos líderes do agronegócio, é crucial alinhar prioridades e necessidades de reinvenção, além de fomentar uma cultura de confiança para que os funcionários se sintam seguros em propor novas ideias e maneiras mais eficientes de trabalho. “Nessa corrida por explorar o potencial da IA generativa, não ignore suas possíveis armadilhas, pois elas também podem evoluir rapidamente. O segredo está em avaliar todas as dimensões de risco da IA generativa, começando pela estratégia, e saber como elas afetarão cada elo da cadeia dentro do ecossistema. Defina prioridades claras baseadas em riscos e crie controles internos rigorosos em torno da privacidade de dados e da ampliação do conhecimento dos modelos de IA”, aconselha Maurício Moraes.

 

 


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