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“Orixás em Verso e Rima” celebra ancestralidade com lançamentos de cordéis infantis no Recife com apoio da Lei Paulo Gustavo

 

Autoras negras lançam coletânea que conecta cultura, literatura e formação na primeira infância sobre os Orixás. Obra necessária e pioneira que enfrenta intolerâncias, reinventa a tradição a partir do olhar das crianças e recoloca o cordel como ferramenta de memória, reparação simbólica e futuro

Mari Bigio e Kemla Baptista lançam, no Recife, a coletânea infantil “Orixás em Verso e Rima”. Os cinco títulos reforçam a centralidade da cultura afro-brasileira na formação leitora e combinam recursos estéticos e pedagógicos, como xilogravuras, glossário de iorubá e faixas em áudio, além de apresentações ao vivo com contação de histórias e recursos de acessibilidade. Os lançamentos ocorrem em dois momentos: na quarta-feira (12) , às 14h, na Casa de Alzira/Muafro, no Recife Antigo, e quinta-feira (13), às 14h, no Museu da Abolição, na Madalena, Zona Norte do Recife.

A obra reúne cinco títulos dedicados a Oxalá, Exu, Yemanjá, Nanã e Xangô, com foco na mediação de leitura na primeira infância e na valorização da ancestralidade afro-brasileira. Os textos, escritos por Mari Bigio a partir de argumentos de Kemla Baptista, assumem a voz de autoras negras nordestinas e tratam a religiosidade de matriz africana com rigor e linguagem lúdica, voltada a leitores em formação.

As sessões de lançamento terão contação de histórias e performances poético-musicais inspiradas nos cordéis, estimulando imaginação, linguagem e repertório cultural desde cedo, com ênfase em educação antirracista e no reconhecimento das matrizes africanas como patrimônio vivo. Os textos ganharão encenação e sonoplastia ao vivo; cada apresentação contará com interpretação em Libras.

“Para muitas infâncias, o cordel é a primeira chave. Quando verso, imagem e som se encontram, com xilogravura, glossário em iorubá e narração em áudio nas nossas vozes, as crianças reconhecem os Orixás como parte da própria história e aprendem cuidado, respeito e pertencimento. A leitura vira experiência viva de escuta, corpo e memória, fortalecendo a mediação de educadores e famílias desde a primeira infância”, afirma Mari Bigio.

Kemla Baptista destaca o caráter formativo da obra ao integrar pesquisa, mediação de leitura e referências da cultura iorubá em contextos escolares e familiares. “Diante da dívida histórica do país com os povos de terreiro e do histórico excludente na tradição do cordel, esta obra se apresenta como publicação necessária e pioneira. Ao combater intolerâncias e preconceitos, ela reinventa a tradição a partir do olhar, da escuta e do afeto das crianças, recolocando o cordel como ferramenta de memória, reparação simbólica e futuro. Queremos que cada criança reconheça a beleza e a sabedoria da cultura iorubá como parte da nossa história coletiva”, afirma a autora.

Ainda segundo as autoras, a coletânea, além do valor artístico, tem forte potencial pedagógico. Pode integrar acervos de escolas e bibliotecas e apoiar aulas, estudos e mediações de leitura sobre os Orixás, as heranças africanas e a literatura de cordel. Trata-se de um material lúdico que qualifica a experiência de leitura e fortalece o apreço pela literatura desde cedo.

A tiragem é de 2.500 folhetos de cordel em 500 coletâneas, das quais 100 serão distribuídas gratuitamente em escolas da Rede Municipal do Recife, além da distribuição gratuita nos 2 momentos de lançamento. O projeto tem apoio da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura, via Lei Paulo Gustavo, com recursos do Ministério da Cultura do Governo Federal, e conta com apoio cultural da Casa de Alzira/Muafro, do Museu da Abolição e da Secretaria da Primeira Infância do Recife.

Serviço
Lançamento da coletânea “Orixás em Verso e Rima” (Mari Bigio e Kemla Baptista)
Casa de Alzira/Muafro, Recife Antigo (12/11); Museu da Abolição, Rua Benfica, 1150, Madalena (13/11)
A partir das 14 horas – em ambos locais.


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