Plano anticrise com tecnologia e estratégia é debatido em evento com empresários no Recife
Em um cenário marcado por incertezas econômicas, empreendedores de diversos setores se reuniram no Recife para debater saídas estratégicas frente à crise. O encontro, realizado no Shopping Recife na última semana, foi promovido pela plataforma LL Networking Business e teve o tema “À Beira do Colapso: O Plano Anticrise para Empreendedores que se Recusam a Quebrar”.
Com base em uma metodologia apresentada pelo estrategista em negócios Douglas Ferro, o evento reuniu empresários locais em torno de um diagnóstico direto sobre os principais desafios que afetam as pequenas e médias empresas brasileiras atualmente. A proposta girou em torno de soluções viáveis, muitas delas ancoradas em automação, inteligência artificial e reformulação de processos.
Segundo levantamento recente da plataforma Conta Azul, 64% dos pequenos negócios enfrentam dificuldades com fluxo de caixa, e 53% relatam queda nas vendas. Para Douglas Ferro, fundador e CEO da Dreamind e especialista em IA aplicada aos negócios, a crise exige mais do que cortes de custo. “A instabilidade do mercado é apenas um sintoma. O problema real está na ausência de dados estratégicos e na lentidão de adaptação das empresas”, afirmou durante a apresentação.
Ao longo do encontro, Ferro destacou a necessidade de repensar modelos tradicionais de gestão. Um dos pontos centrais do plano anticrise é a implementação de automação inteligentes para reduzir a sobrecarga operacional e aumentar a produtividade sem depender exclusivamente de capital humano. “A maioria das empresas ainda opera como se estivesse em 2010. Hoje, tarefas repetitivas e análises manuais podem ser substituídas por sistemas acessíveis que entregam mais previsibilidade e controle”, disse.
O estrategista, que cursa atualmente o programa de Inteligência Artificial Generativa no Massachusetts Institute of Technology (MIT), apresentou cases de empresas que conseguiram reverter prejuízos em menos de seis meses ao integrarem IA e automação nos setores comercial e financeiro. Segundo ele, mesmo negócios com estrutura enxuta podem se beneficiar de tecnologias já disponíveis no mercado, desde que haja clareza de objetivos. “O erro mais comum é investir em tecnologia sem saber o que medir ou melhorar. IA sem propósito é só mais um gasto”, pontuou.
MENTALIDADE EMPRESARIAL
Outro eixo abordado durante o evento foi o papel da mentalidade do empreendedor diante de decisões críticas. Em vez de focar apenas na execução operacional, Ferro argumentou que empresários precisam desenvolver habilidades estratégicas e emocionais para atravessar períodos turbulentos. “A empresa é sempre uma extensão do dono. Se ele está em colapso interno, a operação vai refletir isso em algum momento”, declarou.
O plano apresentado por Ferro propõe ainda um modelo de análise integrado que combina métricas de negócio, comportamento do time e capacidade de adaptação tecnológica. A proposta busca oferecer ao empreendedor um mapa claro para decisões de curto e médio prazo com base em dados reais, e não apenas em intuição ou pressão do mercado.
A iniciativa é parte de um movimento maior que vem ganhando força no país, especialmente entre pequenos e médios empresários que buscam maior autonomia frente às crises cíclicas. “A crise, em si, não é novidade. O que muda é a nossa capacidade de resposta e preparação para o próximo ciclo”, concluiu.