Relações sexuais e dor vaginal: como a ginecologia regenerativa pode ajudar
A dor durante a penetração é um problema que atinge milhares de mulheres, mas que ainda enfrenta o silêncio provocado pelo constrangimento e pela falta de informação. Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), cerca de 8% a 21% das mulheres relatam sentir dor genitopélvica durante as relações sexuais. A condição pode afetar diretamente a autoestima, o bem-estar emocional e a vida sexual dessas pacientes.
A ginecologista Israelina Tavares, especialista em ginecologia regenerativa e estética íntima, alerta que há múltiplas causas para o problema. “Alterações hormonais na menopausa e no pós-parto, lacerações ocorridas durante o parto, ressecamento vaginal, vaginismo e até fatores anatômicos, como o tamanho dos pequenos lábios, podem provocar dor”, explica. A especialista destaca que o tamanho aumentado dos pequenos lábios pode trazer não apenas dor durante o sexo, mas também infecções de repetição, desconforto ao realizar atividades físicas, dificuldade na higienização íntima e incômodo com o uso de roupas apertadas.
Quando procurar ajuda médica
A dor durante o sexo não deve ser normalizada. O ideal é buscar atendimento médico ao perceber que o desconforto está afetando a qualidade de vida ou gerando ansiedade e sofrimento nas relações íntimas. “Apesar de ser um tema íntimo, é preciso tratá-lo com seriedade. O ginecologista é o profissional mais indicado para avaliar as causas e propor o tratamento mais adequado”, ressalta a especialista.
Avanços no tratamento: do laser íntimo à cirurgia
Com os avanços da medicina e da tecnologia, métodos minimamente invasivos têm ganhado espaço, como o laser íntimo, uma das opções mais procuradas atualmente. “O laser íntimo é uma tecnologia segura e eficaz. Ele age na mucosa vaginal estimulando a produção de colágeno, elastina e fibroblastos, o que melhora a lubrificação, a elasticidade e a firmeza da vagina, melhorando as dores durante a relação sexual”, explica Israelina.
O procedimento é realizado no próprio consultório, com sessões que duram cerca de 30 minutos. Normalmente, são indicadas três sessões com intervalo de 30 dias entre elas. Os efeitos podem durar cerca de um ano, sendo recomendada apenas uma sessão de manutenção anual. Segundo a médica, as aplicações são praticamente indolores e sem efeitos colaterais.
Ninfoplastia
Para as mulheres que sofre com as dores durante as relações sexuais devido ao tamanho dos pequenos lábios, a cirurgia de ninfoplastia, também chamada de labioplastia interna, pode ser uma alternativa. “Diferente do que muita gente pensa, as cirurgias íntimas não estão ligadas apenas a fins estéticos, mas possibilitam que mulheres que sofrem com problemas funcionais na região íntima tenham direito de desfrutar de uma melhor qualidade de vida”, destaca Israelina Tavares.
Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), o Brasil é recordista mundial em cirurgias íntimas femininas. Só em 2020, a ninfoplastia foi feita por mais de 20 mil mulheres no país. Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar, com mais de 13 mil cirurgias.
“A ninfoplastia busca retirar o excesso de pele dos lábios internos, os pequenos lábios vaginais, para tratar queixas funcionais e estéticas que influenciam na qualidade de vida e na autoestima”, explica. Para realizar a cirurgia é necessário ter idade mínima de 18 anos ou encaminhamento médico. O procedimento pode ser realizado em ambiente hospitalar ou consultório. A escolha do local depende da complexidade da cirurgia associada ao desejo da paciente.
“Quando feita em consultório o procedimento é realizado sob anestesia local, seguindo os seguintes passos: marcação dos tecidos que serão removidos, anestesia da região, remoção do tecido com o laser e sutura. O tempo do procedimento pode variar de acordo com cada paciente, mas geralmente dura em torno de 60 a 90 minutos”, explica a especialista. O pós-operatório costuma ser tranquilo, quando seguidas todas as orientações. É necessário repouso por 7 dias. A partir de 15 dias pode voltar às atividades de trabalho e com 30 dias retornar a ter relação sexual e a realizar atividade física.
O procedimento de ninfoplastia também é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos casos em que as mulheres sofrem com problemas funcionais. Contudo, a cirurgia é feita com o método tradicional, com o bisturi. “A diferença entre os métodos é que na cirurgia à laser, utiliza-se tecnologias avançadas, o que traz benefícios como um corte mais preciso possibilitando um melhor resultado estético, menor sangramento,cicatrização mais rápida e, consequentemente, uma recuperação em um tempo menor”, aponta Israelina Tavares.
Israelina Tavares é médica ginecologista obstetra, especialista em ginecologia regenerativa e estética íntima. Formada pela Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande (FCM-CG), possui Residência Médica em ginecologia e obstetrícia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pós-graduação em Rejuvenescimento Íntimo e Estética Genital pelo Instituto Lapidare (SC). É referência em cirurgia estética íntima, laser íntimo e reposição hormonal. Expert reconhecida pela Academia Brasileira de Ginecologia Regenerativa, Estética e Funcional (ABGREF)
instagram: @draisraelinatavares