Cuidados durante as festas juninas: Orientações do psicólogo Rodrigo Nery para cuidadores de crianças com TEA
São João se aproximando, algumas escolas e famílias já estão preparando suas festinhas. Esse é um momento que requer atenção dos cuidadores de crianças no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), estejam atentos às necessidades especiais dessas crianças durante as comemorações. Os estímulos sensoriais intensos presentes nessa época, como o barulho dos fogos de artifício, a música alta e as cores vibrantes, podem desencadear desconforto e ansiedade nas crianças autistas.
“Alguns pequenos com esse padrão de sensibilidade podem descompensar o incômodo no comportamento, ficando mais agitados, com medo ou até agressivos durante a ocasião. É possível que apresentem crises de choro intensas, se recusem a ser tocados e evitem a aproximação de certas pessoas”, explica Rodrigo Nery, psicólogo e diretor do Grupo Ampliar.
Rodrigo Nery ressalta a importância do planejamento prévio e do diálogo entre a família, a escola e os cuidadores para criar estratégias eficazes de inclusão. “É fundamental que todos estejam envolvidos e alinhados para criar estratégias eficazes de inclusão. A inclusão não se restringe apenas às festas juninas, mas deve ser uma preocupação constante em todas as situações do cotidiano”, enfatiza o diretor do Grupo Ampliar.
Em primeiro lugar, quando falamos sobre hipersensibilidade sensorial, é importante entender que cada indivíduo tem experiências singulares, e os pais precisam reconhecer como o filho responde ao ambiente. “O adulto deve estar atento aos sinais de desconforto da criança e como ela age no mundo para se organizar. Preste atenção se ela está se afastando de um ambiente ou de uma pessoa, bloqueando uma informação ao tampar os ouvidos ou buscando outras sensações, como produzir sons para reduzir o som externo”, destaca Nery.
Crianças dentro do espectro do autismo tendem a ter dificuldade com a quebra de rotina. Por isso, o ideal é conversar e explicar antes da noite da virada o que irá ocorrer. “Podemos contar com detalhes tudo que acontecerá no dia através de fotos, histórias e vídeos, preparando a sua criança para o momento”, completa o diretor do Grupo Ampliar. Se os pais já sabem que os sons têm grande chance de trazer desconforto ao filho, a primeira medida é tentar amenizá-los. “Busque um local que seja menos barulhento para passar a virada”, orienta Nery. Protetores e abafadores de ouvido também podem ser usados como estratégia para diminuir a entrada de estímulos aversivos.
É fundamental que o adulto passe segurança à criança com autismo. “Mantenha-se calmo, mesmo que ela se agite. Fique próximo, dê um abraço ou pegue no colo, caso ela aceite”, ressalta Rodrigo Nery. Prepare uma sala do silêncio para ser utilizada depois da queima de fogos. “É importante ter um local que permita que a criança fique tranquila após os barulhos”, afirma o diretor do Grupo Ampliar. Assim, ela poderá ter um tempo para se reorganizar.
Algumas medidas que podem ser adotadas pelos cuidadores:
1. Comunicação clara: É essencial explicar às crianças sobre o que elas irão encontrar nas festas juninas, como os sons dos fogos de artifício e a música alta. Utilize recursos visuais, como imagens ou vídeos, para ajudar na compreensão.
2. Antecipação: Informe a criança sobre o que irá acontecer e quais serão os ruídos e estímulos presentes na festa. Isso pode ajudar a prepará-la emocionalmente para as situações que podem ser mais desafiadoras.
3. Ambiente seguro: Busque criar um espaço seguro e tranquilo durante as festividades, onde a criança possa se refugiar caso se sinta desconfortável. Um ambiente com menor estimulação sensorial, com pouca luz e ruído, pode ajudar a reduzir a ansiedade.
4. Uso de fones de ouvido ou protetores auriculares: Esses dispositivos podem ajudar a atenuar o impacto do barulho dos fogos de artifício e da música alta, proporcionando um ambiente mais tranquilo para a criança.
5. Respeito aos limites individuais: Cada criança com autismo é única e possui suas próprias necessidades e limitações. Respeitar esses limites é fundamental para garantir o bem-estar da criança. Se necessário, considere adaptar as comemorações para atender às necessidades específicas dela.
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