A expressão feminina esculpida pela arte de Corbiniano Lins
Sua arte é a verdadeira expressão do gênero feminino, percebida pela sensualidade e sinuosidade de suas esculturas. Nascido em Olinda, em 1924, ele é hoje um dos maiores nomes das artes plásticas de Pernambuco ainda vivo: pintor, escultor, talhador, xilogravurista e serigrafista. Sua arte está espalhada pelo Brasil e pelo mundo: em painéis, pinturas, esculturas, troféus ou capas de livros. Com certeza você já apreciou algumas delas. Seu nome? José, um ilustre artista pernambucano, cujas obras fazem parte da paisagem urbana recifense, dão vida e embelezam prédios, praças e diversos espaços públicos.A arte de Corbiniano, como é mais conhecido, já foi exposta em galerias, museus, espaços culturais e salões de arte, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro e já passou pelos EUA, América Latina, Europa e Oriente Médio. Suas pinturas e esculturas podem ser apreciadas na sede do Ministério Público de Pernambuco; em agências do Banco do Brasil, em Recife – Centro e Santo Antônio; em frente ao Restaurante-Escola do Senac Pernambuco; monumento do Trabalhador de Paulo Afonso (BA); decoração da Catedral de Floresta dos Navios (PE), monumento do 1º Centenário de Campina Grande (PB); a Sereia do Mirante, em Maceió (AL); a Iracema e o Vaqueiro, em Fortaleza (CE); e os painéis pintados em azulejo sobre as revoluções pernambucanas de 1817 e 1848, intitulado de Revoluções Libertárias, na Praça Abreu e Lima, em santo Amaro, dentre tantos outros lugares. Dele também são os troféus para o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo, do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco.
Sua vida artística é tão importante para Pernambuco e o Brasil, que um espaço dedicado à arte moderna ganhou seu nome: a Galeria de Arte Corbiniano Lins, no Sesc anto Amaro. Sua biografia já virou livro, o Corbiniano Lins – um olhar sobre sua arte, de Weydson Barros Leal, lançado por ocasião de seus 80 anos. E também ganhou as telas do cinema, através do documentário de longa-metragem Corbiniano, que representou Pernambuco na Mostra Doc Internacional do Cine PE: Festival do Audiovisual, em 2014, com direção do jornalista Cezar Maia
Em plena atividade artística, ainda que de forma mais lenta e esporádica, hoje, aos 94 anos, ele continua produzindo. Sua criatividade mostra que o talento não envelhece. Arte não é questão de idade e, sim, de insights. Do nada, as imagens se formam em sua mente. “Eu visualizo a peça e corro para dar vida à aquela obra”.
Corbiniano produz peças em diversos materiais: barro, arame, talha em madeira, metais, alumínio e o que mais der na telha das ideias. “Eu começo modelando e esculpindo no isopor. Depois mando para a fundição e dou os retoques, o acabamento com a limalha”, explica Corbiniano sobre o processo criativo.
Ao ser questionado sobre de onde vem sua inspiração, ele não titubeia: “vem do cotidiano, da observação dos tipos humanos, das pessoas em seu dia a dia, da observação das coisas simples da vida”. Ele diz que seus trabalhos são uma homenagem às mulheres. Mais precisamente às mulheres de sua família, principalmente à sua mãe: negra, descendente de escravos. “Quando comecei a fazer arte, minha intenção era dar visibilidade à mulher”, expressa Corbiniano Lins. Ao ser questionado sobre o que o menino Corbiniano pensava de seu futuro, ele é taxativo: “Eu queria mostrar minha arte, queria expor. Mas nunca pensei que ficaria famoso”.
Corbiniano começou a pintura por volta de 1949. Sua primeira obra, um quadro pintado, em 1951, quando estudava artes na Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco, conhecida como a Escola Técnica de Pernambuco. O objetivo era um só: participar do Salão do Museu do Estado de Pernambuco. E teve êxito. Obteve menção honrosa. E a partir dali passou a ser reconhecido pelos quatro cantos do mundo, sendo um dos mais emblemáticos membros de uma importante geração de artistas modernistas como Abelardo da Hora, Samico, Reynaldo Fonseca e Celina Lima Verde. Juntos, fundaram a Sociedade de Arte Moderna do Recife.
Simpático, sorridente, bem humorado. Assim é Corbiniano, hoje morador da Iputinga, que recebe com prazer crianças, estudantes, jovens e demais apreciadores de sua arte. Sua casa é um museu a céu aberto. Por lá é possível ver de perto suas peças, espalhadas pelo jardim, pelo terraço, sala e pela casa inteira, sempre apontadas com muito orgulho e humildade. Vale a visita e o passeio para conhecer o artista.
Por Luciana Torreão – Edição 44 da Terra Magazine
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