Investigação precoce das doenças congênitas do coração são essenciais para salvar vidas
No dia 12 de junho é celebrado o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita para chamar atenção para a importância do diagnóstico precoce das doenças do coração que podem estar presentes desde a vida intrauterina. Segundo dados do Ministério da Saúde, 1 em cada 100 bebês apresentam alguma cardiopatia congênita, cerca de 30 mil crianças nascem com o problema no Brasil e aproximadamente 40% vão necessitar de cirurgia ainda no primeiro ano, o que representa 12 mil pacientes.
“Os números são bastante significativos e, infelizmente, as cardiopatias congênitas são as principais causas de morte de bebês após a 28º semana de gestação. O coração é um órgão complexo, formado durante as semanas iniciais da gestação e as cardiopatias congênitas surgem neste período como uma anormalidade na função ou estrutura do órgão”, explica o cirurgião cardiovascular Edmilson Cardoso, chefe do serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Como é feito o diagnóstico das cardiopatias congênitas?
“As cardiopatias congênitas são variadas e podem apresentar diferentes manifestações. Durante o pré-natal é realizado o ultrassom morfológico no segundo trimestre de gravidez. Neste exame, em alguns casos, já é possível identificar uma malformação. Para confirmar ou excluir o diagnóstico, pode ser solicitado o ecocardiograma fetal, em que é possível visualizar dentro e fora do coração as câmaras e válvulas cardíacas. Em algumas crianças, a doença cardíaca pode ser percebida apenas após o nascimento, durante a rotina”, aponta o especialista.
Quais os principais sinais de cardiopatias em bebês e crianças?
Em bebês:
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Pontas dos dedos e língua roxa
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Cansaço excessivo durante as mamadas com interrupções para “pegar fôlego”
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Dificuldade em ganhar peso
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Choro excessivo
Em Crianças:
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Cansaço excessivo
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Ganho de peso e crescimento insuficiente
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Lábios roxos
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Infecções respiratórias de repetição
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Pele mais pálida após atividades que exigem esforço físico
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Coração com ritmo acelerado
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Desmaio
“É importante lembrar que é comum que crianças com síndromes genéticas, como síndrome de down e síndrome de turner, tenham cardiopatias associadas. Por isso, deve-se investigar as cardiopatias de maneira precoce, caso haja suspeita dessas condições”, aponta o cirurgião cardiovascular Edmilson Cardoso.
Como é feito o tratamento?
“Há uma variedade de tratamentos de acordo com a cardiopatia e com o período de diagnóstico. Em alguns casos, podem ser utilizadas medicações ainda durante a gestação ou realizada cirurgia no feto. Em outros casos, antecipa-se o parto para realizar a cirurgia logo após o nascimento ou ainda pode ser tratado durante a infância com medicações ou cirurgias. Algumas pessoas podem não apresentar sintomas durante a infância e juventude e receber o diagnóstico somente na fase adulta, após algum episódio específico, recebendo intervenção a partir desde momento, de acordo com a necessidade”, detalha o cirurgião cardiovascular.
Quais os fatores de risco para as cardiopatias congênitas?
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Histórico familiar
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Tabagismo
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Uso excessivo de álcool
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Uso de medicamentos, como anticonvulsivantes
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Condições maternas, como diabetes, hipotireoidismo, hipertensão, lúpus, infecções como rubéola e sífilis
“O diagnóstico, a intervenção precoce e um acompanhamento multidisciplinar são essenciais para permitir que a criança se desenvolva com qualidade de vida e bem-estar. Contudo, nesta data, não podemos deixar de enfatizar a importância do acolhimento aos pais que recebem o diagnóstico de cardiopatia congênita do seu filho. Este pode ser um momento muito delicado e é necessário que os profissionais de saúde e os familiares ofereçam também uma rede de apoio emocional”, destaca o cirurgião cardiovascular Edmilson Cardoso.
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