Mulheres na logística: quebrando estigmas e expandindo fronteiras
O setor da logística sempre foi caracterizado por sua predominância masculina, apresentando desafios para as mulheres que buscam entrar e progredir nesse segmento. Mudar percepções historicamente enraizadas e superar a falta de reconhecimento das habilidades femininas são apenas algumas das barreiras enfrentadas. No entanto, a crescente presença das mulheres nesse ambiente demonstra que a logística é um campo em expansão, passando a oferecer mais oportunidades para o desenvolvimento profissional de ambos os sexos.
Levantamento realizado pela plataforma de tecnologia de recursos humanos Gupy revelou um aumento significativo na contratação de mulheres em setores tradicionalmente marcados pela desigualdade de gênero. No Brasil, o segmento logístico liderou esse movimento, com um aumento de mais de 200% no número de mulheres ocupando vagas, superando mercados como o de tecnologia e engenharia. O grupo pernambucano Trino, especializado em logística, armazenamento e serviços há mais de 30 anos, vivenciou de perto a transformação deste cenário.
Hoje, com três mulheres ocupando cargos estratégicos de comando, o Grupo não mede esforços na elaboração de iniciativas para o aumento da participação feminina no seu quadro de colaboradores. “A inclusão dos perfis diversos é nossa prioridade e o universo feminino é um deles. Para isto, desenvolvemos cursos, como o de Operadora de Empilhadeira, que este ano chega à sua segunda edição e vai abrir inscrições neste mês de março”, antecipa Cláudia Dowsley, diretora de Capital Humano e responsável pelas pautas ESG do Grupo. A capacitação ocorrerá na unidade da empresa localizada no Cabo de Santo Agostinho. Cláudia complementa que “o objetivo é prepará-las para novas vagas e capacitá-las também para oportunidades no mercado de trabalho”. Outra necessidade é a ampliação da liderança feminina no setor. Para com isto, o Grupo estabeleceu a política de contratação igualitária, com 50% das vagas a serem preenchidas priorizando as candidatas.
Na contramão dos que ainda criam obstáculos para a contratação de mulheres por conta de seus direitos justamente adquiridos, como a licença-maternidade, além de pontos ainda considerados por alguns ainda como empecilhos, como seus compromissos com os filhos ou os desafios ergonômicos, o Grupo Trino observou que com o aumento do quadro feminino entre os seus colaboradores houve a diminuição do absenteísmo, com menos faltas, atrasos no trabalho ou apresentação de atestados para justificar ausências.
“O nosso desafio é a quebra de conceitos deturpados, mas ainda arraigados culturalmente e regionalmente. Nos esforçamos para que todos os envolvidos na cadeia produtiva percebam que a mão de obra feminina gera, sim, resultados extremamente positivos. Na área de prestação de serviços, por exemplo, as mulheres sempre ocuparam mais vagas nos serviços de limpeza. Quebrar este estigma, mostrando que as possibilidades vão além, inserindo-as também em outras atividades, exige ações práticas, assertivas e contínuas”, avalia a diretora. Com a experiência de quem também superou desafios em sua carreira profissional por ser mulher, Cláudia ressalta a importância de se criar espaços onde a competência e o preparo sejam reconhecidos independentemente do gênero.
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