Museu Histórico promove resgate cultural no Agreste de Pernambuco
Localizada há 204Km da capital de Pernambuco, a cidade de Brejo da Madre de Deus detém um dos acervos documentais mais ricos do estado, no coração do agreste pernambucano, que poderá conferido de perto a partir de um ambicioso projeto cultural que está em andamento: “Inventário de Acervo – Patrimônio Documental”. O projeto é uma iniciativa corajosa para resgatar e preservar esse legado histórico situado no Museu Histórico Dulce Pinto, que é um tesouro em si mesmo. “Brejo da Madre de Deus desperta a curiosidade por seus encantos naturais com trilhas ecológicas e diversos monumentos históricos edificados como o próprio Museu, instalado em um sobrado colonial do Século XVIII/XIX, que tem acumulado ao longo de mais de três séculos a história oficial e documental desta parte da colônia, desde meados de 1700 com o estabelecimento dos padres oratorianos da ordem de São Felipe Nery”, comenta a pesquisadora e produtora cultural Dora Dimenstein, que é responsável pelo projeto que vem sendo desenvolvido com incentivo da Funcultura.
Sob a liderança da produtora executiva, uma equipe dedicada comandada pela inventariante e arquivista Cecília Canuto, que está imersa na árdua tarefa de catalogar, digitalizar e corretamente acondicionar cerca de cinco mil documentos. “O prédio museológico é administrado pela prefeitura municipal e tem um grande valor patrimonial-cultural com um importante acervo histórico, documental e arqueológico. Essa é uma construção do século XIX com azulejos portugueses, feitos sob encomenda em todas as fachadas, frontal e as duas laterais. Por isso, é tombado pelo Estado e, além disso, há esse volume de dados e documentos que apresentam toda formação da região”, destaca Dimenstein.
A importância desses documentos transcende os limites de Brejo da Madre de Deus, abrangendo também as cidades vizinhas e contribuindo para a compreensão da história de todo o Estado de Pernambuco. Desde certidões de nascimento até relatos históricos, esses registros pintam um quadro vívido da evolução econômica, social e cultural da região ao longo dos séculos. “Quando as pessoas iam se mudando, elas iam deixando os objetos neste casarão, cujos proprietários se responsabilizaram ao longo dos tempos pelo arquivamento desses documentos e demais objetos que são mantidos hoje no Museu Histórico Dulce Pinto, é um dos poucos ou o único museu histórico do estado de Pernambuco”, enfatiza Dora.
O Museu Histórico Dulce Pinto tem ferramentas, algemas, amarras com corrente dos escravos, além de máquinas antigas, louças, objetos indígenas, uma coleção de postais antigos e restos mortais de encontradas em pesquisas realizadas em Furnas do Estrago, naquela região. Por conta desse amplo acervo museológico, a metodologia do projeto é minuciosa e envolve várias etapas, desde a higienização e identificação dos documentos até a sua digitalização e divulgação através de DVDs. “No processo de trabalho, conseguimos montar uma sala adequada para esse acervo com móveis adequados, como armários de aço, que foram doados pela Secretaria de Educação e ainda adquiridos pelo projeto para o museu”, diz Dora Dimenstein.
Com a colaboração de membros da comunidade local, incluindo um professor de história, o projeto busca não apenas preservar, mas também educar e inspirar as gerações futuras a partir desse processo de catalogação e acondicionamento dos documentos do museu. Por isso, essa empreitada não apenas garantirá a preservação desses registros, mas também os tornará acessíveis para estudos e consultas futuras no Museu Histórico Dulce Pinto, que, com sua rica história e arquitetura colonial, é uma atração turística por si só.
Neste processo de finalização do projeto, uma palestra informativa já foi realizada, destacando os resultados alcançados até o momento. Mas, o processo ainda envolve a produção final de um DVD para apresentação de toda memória ao público, incluindo alunos e professores locais, promovendo o compartilhamento de conhecimento e engajamento comunitário. “Nossa finalidade é digitalizar esses documentos, fazer um catálogo e colocar disponível nas redes sociais e em meios adequados para torna-los mais acessíveis ao conhecimento público”, finaliza.
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