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Diálogo com crianças e adolescentes pode garantir experiência mais segura na Internet

Muito além de aplicativos e outras ferramentas para o controle parental, o diálogo claro e objetivo, de acordo com a faixa etária da criança ou adolescente, pode ajudar a tornar a Internet um ambiente mais seguro para os pequenos. Além de ensinar sobre segurança, é importante também falar sobre o limite e ensinar sobre o uso consciente. A pedagoga Carollini Graciani é enfática ao explicar que é extremamente contra o uso de telas para crianças.

“Se eu pudesse, não daria tela para criança. Bill Gates, por exemplo, não dá tela para os filhos dele, mesmo ele sabendo da importância da tecnologia. A criança precisa, na primeira infância dela, de coisas concretas, de movimentar o corpo, desenvolver a coordenação motora. Ela não pode ficar presa na tela”, explica, citando notícias na imprensa internacional de que o próprio fundador da Microsoft contou que os filhos só tiveram acesso ao celular após os 14 anos de idade, e mesmo assim com controle de horário após cumprirem com suas responsabilidades.

Na questão da segurança, a pedagoga acredita ser válido conversar, de acordo com a linguagem de entendimento da criança e do adolescente, sobre fake news, sobre adultos que se passam por crianças para dar golpes financeiros, sobre a importância de não passar informações sobre a família, o endereço, escola, para pessoas desconhecidas; sobre conversas com desconhecidos; sobre a importância de não passar senhas para ninguém, nem para amigos; não clicar em propagandas e comprar jogos sem autorização; e conversar sobre privacidade em meio a toda essa onda de redes sociais.

“Outro tema importante de se conversar com a criança e com o adolescente é o bullying e, incluo aqui o cyberbullying, que é um estopim para atentados e suicídios entre os jovens no mundo todo. É como se o bullying fosse um isqueiro. Um jovem que tem o potencial inflamável pode “explodir” quando alguém pratica bullying com ele; e essa explosão pode gerar um atentado ou um suicídio”, alerta a pedagoga que é especialista em bullying escolar.

Saúde também é segurança

A professora de Pedagogia da Estácio aponta que crianças que não possuem um controle de uso das telas do celular, tablet e TV correm o risco de desenvolver a síndrome do pensamento acelerado.

“A criança fica com ansiedade, pode desenvolver depressão. Já existem pesquisas que comprovam que as crianças dessa geração estão ficando com problemas oftalmológicos, de tanto ficar olhando para a tela. Eu já acompanhei de perto o caso de uma criança que sabia que todo final de semana iria usar o celular e ela começou a acordar muito cedo, às 5 horas da manhã, num desespero. O uso sem o devido controle gera uma dependência”, observa a pedagoga.

Na avaliação de Carollini, as famílias erram, por exemplo, ao dar o celular para criança no momento da refeição, para ela ficar parada, para ela poder comer, o que não é indicado. O celular também não é indicado na escola, mesmo que seja um jogo educativo. Ela salienta que o ideal é que esse uso comece apenas a partir do Fundamental 1 ou 2, com crianças a partir dos 7 anos.

De acordo com a pedagoga, para ajudar as famílias a organizarem uma rotina que evite a superexposição da criança ao uso de telas, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta o tempo adequado para cada idade.

“A família tem que estabelecer qual o dia da semana, qual horário que essa criança pode ficar fazer o uso e não deixar livre. Existem também aplicativos onde é possível acompanhar o que a criança está vendo. Isso é muito importante, pois embora seja apenas um desenho infantil, por exemplo, no meio pode aparecer uma propaganda tentando direcionar para um conteúdo inapropriado. É importante acompanhar e estar do lado, mas o ideal é evitar o uso de tela”, aconselha.

A Tabela da SBP define que a exposição à tela pode ser realizada somente após os 2 anos de idade, seguindo um limite de tempo diário, de acordo com a faixa etária e sempre com a supervisão de pais, mães, cuidadores ou outros responsáveis.

• Crianças entre 2 e 5 anos – Máximo de 1 hora/dia, sempre com supervisão
• Crianças com idades entre 6 e 10 anos, limitar o tempo de telas ao máximo de 1-2 horas/dia.
• Adolescentes com idades entre 11 e 18 anos – Tempo de telas e jogos de videogames de 2-3 horas/dia, e controle para não virar a noite jogando.

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