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Fazenda que inova na criação de gado na Zona da Mata tem crescimento de 25%

 

O silvo pastoril, integração da pecuária com o plantio de árvores, tem sido uma opção de investimento como alternativa para a cana de açúcar

Uma fazenda que está investindo na inovação e na tecnologia para substituir a cultura da cana de açúcar na Zona da Mata de Pernambuco prevê crescimento de 25% para este ano, aumentado a sua criação de quatro mil para cinco mil cabeças de gado. A Agropecuária Mata Sul, com 4.600 hectares, fica na cidade de Jaqueira e também aposta no planto de árvores exóticas para a extração de madeira como fonte de renda. Além de gerar emprego e renda na região, a fazenda ainda preserva uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) com espécies raras da Mata Atlântica.

“2020 foi um ano excelente, tivemos um crescimento substancial no número de animais e conseguimos introduzir nossos próprios bezerros, conseguimos evitar a compra de bezerros caros. Hoje um bezerro macho custa em torno de três mil reais e nós conseguimos fazer esses bezerros por cerca de 700 reais. E isso deu uma mudança substancial no crescimento da empresa”, diz o técnico em agropecuária Josimar Barboza, administrador da fazenda.

Ele explica que a arrouba do boi gordo subiu cerca de 50%. Custava R$ 200 e hoje curta R$ 300. Então, tanto na arrouba quanto no preço dos bezerros, houve mudanças significativas. Com isso, de acordo com o técnico, a pecuária voltou a ser uma atividade rentável. “É uma atividade que sempre deu resultado, mas historicamente tem uma rentabilidade muito baixa. E hoje está remunerando bem”, detalha Josimar Bezerra.

Além da criação de gado, a Agropecuária Mata Sul investe no plantio do eucalipto para a venda de madeira. “Contratamos um consultor neste área. Vamos plantar, consorciado com o pasto, 110 hectares de eucalipto, o que diminui a evaporação, melhorando a condição do pasto e a produtividade dos animais. Com estas atividades consorciadas, esperamos aumentar o faturamento por hectare em torno 80% e 100%” finaliza.

Na Agropecuária Mata Sul os animais, das raças Angus e Nelore, são criados em sistema rotacionado, onde passam o mínimo de tempo possível em cada cercado, permitindo o melhor manejo do capim e aumentando a produtividade. Nesse sistema, os animais ficam três dias em cercados de 2,5 a sete hectares e depois passam para outro bloco. O rebanho só volta ao cercado inicial depois de 30 dias, respeitando o ciclo de crescimento do capim. A plantação consorciada de árvores cria áreas com sombras e aumenta o conforto para os animais.

A empresa adota o Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PAINT Nelore, que permite o melhoramento genético do gado de corte e a criação de animais de qualidade superior. Os animais também contam com o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP), emitido pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).

Reserva ambiental da fazenda está ameaçada por invasores

Dentro da área da Agropecuária Mata Sul fica a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Frei Caneca, com cerca de 600 hectares, contígua à RPPN Pedra D’Antas, localizada no município de Lagoa dos Gatos. Juntas, as duas RPPNs formam o bloco de floresta com cerca de 1.400 hectares conhecido como Serra do Urubu, um importante remanescente de Mata Atlântica que é reconhecido nacional e internacionalmente como uma área prioritária para a conservação das aves e da biodiversidade.

Na RPPN Frei Caneca a maior ameaça ao meio ambiente são as invasões, feitas principalmente para o plantio de banana. Na reserva é possível ver áreas degradadas e queimadas. “Essa é a nossa maior preocupação. Porque temos uma reserva que é invadida diariamente. Uma reserva de valor ambiental incalculável e importante que e apesar dos nossos esforços, não tem como proteger”, diz o advogado Tiago Andrade Lima.

A Agropecuária Mata Sul já fez denúncias ao Ibama, Ministério Público e CPRH. “Infelizmente, fizemos todas as denúncias possíveis e imaginárias e nenhuma providência foi tomada. Vai fazer uma ano que entramos com uma liminar para tirar os invasores da reserva por crimes ambientais e nada foi feito”, lamenta.

O fragmento da Serra do Urubu abriga atualmente 285 espécies de aves, sendo 13 consideradas globalmente ameaçadas de extinção. Além disso, na Serra do Urubu vivem espécies ameaçadas de outros grupos, como mamíferos, anfíbios e plantas. Segundo os pesquisadores, é uma das áreas mais ricas da Floresta Atlântica do Nordeste.

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