Saúde

Novembro Azul: Psicóloga enfatiza a importância da saúde mental no diagnóstico do Câncer de Próstata

No mês de conscientização sobre o câncer de próstata, a psicóloga especialista em saúde mental, Jullyanna Cardoso, destaca a necessidade crucial de considerar não apenas o diagnóstico precoce, mas também a saúde mental dos pacientes

No Novembro Azul, a conversa vai além da prevenção do câncer de próstata. É um mergulho profundo na saúde mental dos pacientes, um tema há muito negligenciado pela sociedade. Nossa cultura, moldada por conceitos de masculinidade tóxica, muitas vezes silencia as lutas emocionais dos homens, especialmente daqueles que enfrentam o câncer. Neste mês de conscientização, a psicóloga especialista em saúde mental, Jullyanna Cardoso, destaca a importância de cuidar do bem-estar emocional diante de um diagnóstico tão impactante.

O câncer de próstata é o tumor mais frequente entre homens com mais de 50 anos, representando a segunda forma mais comum de câncer entre indivíduos do sexo masculino no Brasil. Responsável por 10% de todas as mortes causadas por essa doença, fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2023 e 2025, espera-se um alarmante total de 71.730 novos casos. Na região Sudeste, o risco é ainda maior, com 77,89 casos a cada 100 mil homens, enquanto o Nordeste se mantém próximo, registrando 73,28 casos por 100 mil homens – um cenário que demanda atenção.

“Tristeza, medo, angústia e insegurança são algumas das reações experimentadas por homens que recebem o diagnóstico de câncer de próstata,” observa a psicóloga. Além disso, para muitos pacientes, a possível ameaça à saúde sexual como resultado do tratamento pode levar a uma diminuição da autoestima e abalar a saúde emocional.

 

Essa realidade se conecta diretamente à saúde mental dos homens, evidenciando-se nos índices de suicídios. Conforme um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) anterior à pandemia, os homens apresentam uma taxa de suicídio mais elevada do que as mulheres (12,6/100 mil homens em comparação com 5,4/100 mil mulheres), mesmo que estas tenham uma maior propensão a desenvolver depressão e bipolaridade.

Jullyanna Cardoso destaca que “não reconhecer suas próprias emoções, ou mesmo negá-las, interfere diretamente na saúde mental, e quando relacionamos ao câncer de próstata, isso reflete na prevenção, no diagnóstico e no tratamento”. O diagnóstico do câncer de próstata pode provocar um sofrimento psíquico significativo nos homens. “O medo da morte e da dor, assim como a preocupação com a sexualidade e possíveis alterações no funcionamento familiar, interferem sensivelmente no modo de pensar do paciente e alteram sua maneira de enxergar a vida,” ressalta Jullyanna Cardoso. Esses sentimentos podem ser gatilhos para a aparição de episódios de transtornos de humor ou, até mesmo, para o desenvolvimento da ideação suicida.

Para promover uma jornada de cura mais eficaz, é crucial que os homens e suas famílias entendam que cuidar da saúde mental não é sinal de fraqueza, mas sim uma necessidade vital. “A conscientização e as campanhas relacionadas ao “Novembro Azul” desempenham um papel crucial, rastreando o risco de desenvolvimento de doenças secundárias em pacientes oncológicos. Além disso, é vital abordar fatores como alcoolismo e dependência química, que podem piorar a saúde mental, dificultando a adoção de hábitos saudáveis para lidar com o estresse e os sintomas de transtornos mentais. A procura precoce pelos serviços de saúde emerge como uma das maiores aliadas na melhoria da saúde masculina, oferecendo mais possibilidades de controle de doenças e transtornos mentais, além de incentivar a adoção de hábitos saudáveis e a eliminação de comportamentos de risco”, alerta. “É importante que os homens e suas famílias entendam que sofrimento psiquiátrico não é sinal de fraqueza, mas sim de necessidade de acompanhamento médico”, enfatiza a especialista em saúde mental.

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