Saúde

Psicóloga fala sobre o aumento do diagnóstico tardio do autismo

 

Jullyanna Cardoso alerta que erroneamente Transtorno do Espectro Autista
foi associado apenas à infância

A crescente discussão em torno do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem despertado um interesse cada vez maior na sociedade contemporânea. Apesar de frequentemente detectado na infância, tem sido observado um aumento notável em diagnósticos tardios, especialmente entre adolescentes e adultos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com TEA, sendo cerca de 2 milhões no Brasil. Apesar dos avanços no entendimento desse transtorno, a falta de informações precisas ainda representa uma barreira significativa para a inclusão efetiva de indivíduos na espectro autista na sociedade.

Neste contexto, a psicóloga especializada em saúde mental, Jullyanna Cardoso, ressalta a relevância de colocar o TEA em foco na fase adulta, uma área que frequentemente carece de atenção merecida, e esclarece que, para compreender o TEA, é crucial começar por explicar o que ele não é. “Ao contrário dos estigmas que o rodeiam, o transtorno do espectro autista não é uma doença, mas sim uma variação natural do funcionamento cerebral. Nos adultos diagnosticados tardiamente, é comum que os sintomas sejam mais leves, como timidez ou dificuldades sociais típicas, o que pode atrasar o diagnóstico”, destaca.

Por muito tempo, o TEA foi erroneamente associado apenas à infância. Contudo, com a disseminação de informações sobre o transtorno, esse cenário tem passado por transformações significativas. Jullyanna Cardoso enfatiza que é comum que adultos recebam diagnósticos diversos devido à complexidade dos sintomas e à falta de conscientização sobre o TEA em idades posteriores. “Em alguns casos, pais de crianças autistas, ao pesquisar sobre a condição de seus filhos, identificam semelhanças em suas características próprias e, assim, buscam ajuda profissional. No entanto, esse não é o único cenário. Devido ao impacto do autismo nas habilidades sociais de comunicação e relacionamento, é comum que os indivíduos busquem ajuda na saúde mental para lidar com outras queixas, como a falta de conexão com outras pessoas, o que pode gerar angústia, sendo por vezes confundido com depressão e/ou ansiedade”, pondera .

Ela também ressalta que “os sintomas do TEA podem surgir tardiamente e, frequentemente, são confundidos com outros distúrbios, como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), depressão e ansiedade. É importante notar que, especialmente em casos de TEA mais leves , as mulheres podem mascarar os sintomas, o que é conhecido como ‘efeito camaleão'”.

A especialista em saúde mental e mestranda em Psicologia da Saúde também enfatiza que não é raro que o autismo esteja associado a outras condições, chamadas comorbidades, especialmente na fase adulta. “Os prejuízos causados ​​pelas dificuldades de socialização e pela auto percepção negativa podem desencadear transtornos de ansiedade e depressão, por exemplo. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também está relacionado ao TEA em 30% a 50% dos casos”, afirmou , devido às características comuns, como dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade. Embora os mecanismos envolvidos não estejam completamente elucidados, foram propostas alterações em redes neurais específicas como fundamentais tanto para o TDAH quanto para o TEA, destaca.

 

Sobre o autismo – O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é classificado como um transtorno de desenvolvimento neurológico, cujos sintomas frequentemente se manifestam nos primeiros anos de vida. Os principais traços incluem dificuldades na comunicação e interação social, bem como a presença de padrões de movimentos restritos e repetitivos. Indivíduos no espectro autista têm uma maneira única de experimentar o mundo, exigindo abordagens e apoio específicos.

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