Ansiedade e depressão na pandemia: entenda o crescimento nos casos e como pedir ajuda
Segundo um relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS). o número de pessoas com depressão aumentou muito na última década. Atualmente, quase 5% da população do globo (cerca de 330 milhões de indivíduos) convive com a doença e as suas repercussões no cotidiano. Infelizmente, o Brasil ocupa uma posição de destaque nesse contexto. Estima-se que a maior taxa de depressão do continente latino-americano está entre os brasileiros, impactando cerca de 12 milhões de pessoas.
A ansiedade, outro quadro que impacta de forma negativa a qualidade de vida, é ainda mais presente no Brasil. Quase 10% dos brasileiros manifestam os sintomas, que se dividem entre os ataques de pânico. as fobias, os transtornos obsessivos compulsivos, o estresse pós-trauma e a ansiedade generalizada.
Durante o ano de 2020, marcado pela pandemia do coronavírus, os números de pacientes com essas doenças deverá aumentar. Afinal, o isolamento social, o medo e a incerteza são catalisadores para os sintomas ansiosos e depressivos. O The New England Journal of Medicine. um dos periódicos mais respeitados no mundo, já publicou um editorial retratando a nova realidade.
Elaboramos este artigo com a ajuda de Dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do HSM e Jader Carvalho Mioto e Antônio Chaves, psicólogos do HSM, para que você entenda qual é o impacto do isolamento social na saúde mental da população. Além disso, saiba quais são os motivos para o desenvolvimento da crise de ansiedade e depressão, os principais comportamentos que servem como sinal de alarme e como é possível cuidar de si mesmo e dos entes queridos neste período. Boa leitura.
Ansiedade e depressão
Ansiedade é um termo geral, usado para caracterizar distúrbios que causam angústia, medo, apreensão, nervosismo e preocupação. Ela é uma reação natural a algumas situações da vida, como uma entrevista de emprego ou na véspera de exames de saúde. “O problema acontece quando esses sentimentos são vivenciados de forma intensa e bastante frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional”, explica Jader.
A depressão é uma doença psiquiátrica em que a pessoa sente tristeza profunda, baixa autoestima e sentimento de culpa recorrente. Além disso, vivencia distúrbios do sono e do apetite, perde o prazer ou a alegria nas atividades e relações pessoais, se sente desmotivada ou sem energia e pode apresentar pensamentos suicidas.
Em ambos os distúrbios podem ocorrer falta de interesse sexual, mal-estar e cansaço frequente, sudorese, taquicardia (coração acelerado), dores e sintomas físicos, entre outros. A pessoa se sente paralisada e incapaz, seja pelo medo, angústia ou falta de motivação.
O crescimento de casos de depressão e ansiedade na pandemia
A pandemia do coronavírus impactou a sociedade e todos os indivíduos em diversas esferas. Primeiramente, houve um grande impacto no âmbito financeiro, uma vez que empreendimentos, comércios e outros tipos de negócios tiveram que ser interrompidos, o que resultou na perda de empregos e falência de empresas.
O desemprego ou a diminuição da renda são fatores ligados ao surgimento de sintomas depressivos e ansiosos, devido a incerteza e o medo de não conseguir arcar com as responsabilidades mensais e necessidade dos familiares. Além disso, foi necessário promover o isolamento social para diminuir a propagação do vírus e o número de casos.
Assim, membros da família e amigos, que antes conviviam de forma próxima, devem postergar os encontros. Segundo a Dra Luciana, para algumas pessoas essa medida significou um grande sofrimento, visto que muitas moram sozinhas, ficando sem nenhuma companhia durante a quarentena, ou se preocupam com entes queridos mais sensíveis que estão longe, como os idosos e pessoas com deficiência ou distúrbios psíquicos.
Há, também, o medo de ser contaminado pelo vírus e sofrer as consequências da doença. O número de mortos pelo coronavírus despertou um grande alerta na população, que teme principalmente pelos mais velhos e pessoas com doenças pré-existentes.
Os impactos no comportamento
Em meio a crise, cada indivíduo reage e sente a situação de forma diferenciada. “O isolamento social é uma experiência desagradável, pois é preciso separar-se de pessoas queridas, abrir mão da liberdade e sofrer com a incerteza sobre a doença”, ressalta Antonio.
Por esse motivo, muitas pessoas se sentem confusas, amedrontadas, desorientadas, ansiosas, anestesiadas ou tentam manter distanciamento emocional, isolando-se. As reações podem ser leves e passageiras, mas também extremas, impactando de forma negativa a saúde social e mental.
Qualquer pessoa está mais vulnerável a reações psicológicas durante a pandemia, o que não deve de forma alguma ser escondido ou interpretado com vergonha. Os impactos no comportamento podem ser sintomas físicos, como tremores, agitação, dores de cabeça, cansaço e palpitação. Também é comum vivenciar momentos de tristeza, solidão, incapacidade, medo, frustração e ter episódios de choro fácil, alterações no sono e se sentir desorientado.
Afinal, poucas pessoas já vivenciaram um período tão delicado como esse. Como falado acima, o exagero desses sintomas e a alta frequência deles são o perigo, visto que pode-se iniciar um quadro de ansiedade ou de depressão.
“A insegurança diária, o medo da morte e tudo que a pandemia impõe pode não só desenvolver transtornos mentais, mas também agravar os que já existiam”, explica a Dra Luciana. A dependência química e o abuso de álcool, por exemplo, são transtornos graves relacionados ao enfrentamento de adversidades e sofrimentos que fazem parte da vida do ser humano. Dessa forma, o indivíduo pode buscar conforto para aliviar a dor psíquica em drogas e bebidas.
Todo o cenário representa uma carga emocional muito forte, principalmente para as pessoas que já são mais fragilizadas. Sem os devidos cuidados, pode ocorrer uma recaída ou a intensificação de um problema já existente. Na depressão, por exemplo, os episódios depressivos podem ser mais graves, evoluindo para uma tentativa de suicídio.
A importância em buscar ajuda
A ansiedade e a depressão podem ser tratados, a fim de recuperar a qualidade de vida. A base do tratamento consiste em medicações que aumentam o bem-estar e deixam os sentimentos negativos longe, assim como na terapia.
O psicólogo Antônio explica que o Hospital Santa Mônica elaborou uma iniciativa para ajudar todas as pessoas com sintomas ansiosos e depressivos, assim como aqueles que já sofriam com outros problemas, como a dependência de drogas. Todo o tratamento que o Hospital oferece aos pacientes está aberto ao público geral, numa tentativa de ajudar a todos que necessitam de solidariedade e de apoio.
Para tanto, foram criados grupos de apoio gratuitos no site ou nas redes sociais do Hospital Santa Mônica. Os temas tratados nesses grupos envolvem ansiedade na quarentena, depressão, drogadição, alcoolismo, programa de prevenção a recaída e terapia ocupacional. Além disso, nos grupos há conversas com psicólogos, orientações, dicas para superar e passar por essa fase e muitos outros conteúdos importantes para o bem-estar e saúde mental dos pacientes.
No Hospital, existe a preocupação de atender o paciente de forma global. Assim, há uma equipe multidisciplinar composta por um médico, para cuidar da medicação, psicólogo, para fazer o acompanhamento emocional, nutricionista e fisioterapeuta ou educador físico.
Isso é importante para que todas as esferas da vida do paciente sejam alinhadas e ele se sinta cuidado e seguro em relação ao tratamento, evitando recaídas. A internação é uma boa opção para as pessoas com distúrbios preexistentes que se agravaram durante a pandemia ou aqueles pacientes que desenvolveram casos graves e precisam de acompanhamento presencial.
E então, viu só como é importante cuidar da saúde mental durante a pandemia? Esse período delicado aumentará as crises de ansiedade e depressão e você não deve postergar um pedido de ajuda, seja para si mesmo ou para um familiar. Em casos de dúvidas, faça uma avaliação no Hospital Santa Mônica.
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