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O papel da psicologia diante de emergências e desastres

Enchentes, deslizamentos de terra e desabamentos são algumas das tragédias ocasionadas pelo alto volume de chuvas e que vêm sendo recorrentes ano a ano no Brasil, deixando não só rastros de destruição física, mas também grande tensão emocional para os cidadãos que moram em áreas de risco ou que já vivenciaram situações do tipo.

“A psicologia reconhece que experiências recorrentes de desastres podem resultar em uma variedade de respostas emocionais, incluindo, estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade, depressão e luto. O medo constante de uma nova tragédia também pode criar um estado de hipervigilância e ansiedade antecipatória que pode levar a um impacto significativo na saúde mental e bem-estar geral das pessoas”, explica Thiago Lacerda, coordenador do curso de Psicologia do Centro Universitário Estácio Recife.

De acordo com o psicólogo, existe uma área da psicologia que aborda o estudo do comportamento humano em situações de extrema pressão e estresse, como catástrofes naturais, emergências médicas e crises humanitárias. “A chamada Psicologia de Emergências e Desastres abrange desde a preparação e resposta inicial ao evento, até a recuperação e reabilitação de longo prazo, trabalhando em estreita colaboração com outras profissões para fornecer apoio multidisciplinar para as pessoas afetadas”, aponta.

E mesmo aqueles que não vivenciaram pessoalmente e tiveram perdas com desastres podem ser afetados quando os fatores de risco estão acionados, a exemplo de um dia com muito volume de chuvas. “Chamamos isso de sensação de desastre eminente e a psicologia recomenda algumas estratégias para lidar com o sentimento. Educação e preparação são fundamentais: entender os riscos e ter um plano de emergência pode reduzir a ansiedade”, orienta Thiago.

Além disso, segundo o psicólogo, o treinamento de habilidades de enfrentamento, técnicas de relaxamento e orientações sobre como conseguir apoio emocional também podem ser úteis. “O apoio social é crucial, seja por meio de redes de apoio formais (como terapeutas e grupos de apoio) ou informais (como família, amigos e comunidade)”, completa.

Para aqueles que já foram vítimas de um desastre, a psicologia tem um papel vital a desempenhar. “No curto prazo, os profissionais de saúde mental podem oferecer intervenções de crise, como aconselhamento pós-traumático e aconselhamento em luto. A médio e longo prazo, podem ser necessárias terapias mais extensas. Além disso, a psicologia também pode auxiliar na construção de resiliência, ajudando as pessoas a se adaptarem e se recuperarem de adversidades, enquanto trabalham para restaurar a normalidade em suas vidas”, finaliza.

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